Desde que Jesus instituiu a Eucaristia na Santa Ceia, a Igreja nunca cessou de celebrá-la, crendo firmemente na presença do Senhor na Hóstia consagrada pelo sacerdote legitimamente ordenado pela Igreja. Nunca a Igreja duvidou da presença real do Corpo, Sangue, Alma e Divindade do Senhor na Eucaristia. Desde os primeiros séculos os Padres da Igreja ensinaram esta grande verdade recebida dos Apóstolos.
Na Última Ceia, Jesus foi muito claro: “Isto é o meu corpo”. “Isto é o
meu sangue” (Mt 26,26-28). Ele não falou de “símbolo”, nem de “sinal”,
nem de “lembrança”. São Paulo atesta a presença do Senhor na Eucaristia
quando afirma: “O cálice de benção, que bebemos, não é a comunhão do
Sangue de Cristo? E o pão que partimos, não é a comunhão do Corpo de
Cristo?” (1Cor 10,16).E o Apóstolo, que não
estava na Última Ceia, recebeu esta certeza por revelação especial do
Senhor a ele: “O Senhor Jesus, na noite em que foi entregue, tomou o pão
e, dando graças, partiu-o e disse: Tomai e comei; isto é o meu corpo,
que será entregue por vós; fazei isto em memória de mim. Igualmente
também, depois de ter ceado, tomou o cálice e disse: Este cálice é o
novo testamento no meu sangue; fazei isto em memória de mim todas as
vezes que o beberdes”(1Cor 11,23-29).
Sem dúvida a Eucaristia é o maior e o mais belo milagre que o Senhor
realizou e quis que fosse repetido a cada Missa, para que Ele pudesse
estar entre nós, a fim de nos curar e nos alimentar. “A Eucaristia é
‘fonte e centro de toda a vida cristã’ (LG,11). Os restantes
sacramentos, porém, assim como todos os ministérios eclesiásticos e
obras de apostolado, estão vinculados com a Sagrada Eucaristia e a ela
se ordenam. Com efeito, na santíssima Eucaristia está contido todo o
tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa”
(PO,5 e CIC n.1324).
O Catecismo da Igreja nos garante que “Os milagres da multiplicação
dos pães… prefiguram a superabundância deste pão único da Eucaristia”
(CIC, n.1335). Tudo o que foi dito até aqui está baseado principalmente
nas próprias palavras de Jesus, naquele memorável discurso sobre a
Eucaristia, na sinagoga de Cafarnaum, que São João relatou com detalhes
no capítulo 6 do seu Evangelho: “Eu sou o Pão vivo que desceu do céu…
Quem comer deste Pão viverá eternamente; e o Pão que eu darei é a minha
carne para a salvação do mundo… O que come a minha carne e bebe o meu
sangue tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia… Porque a
minha carne é verdadeiramente comida e o meu sangue é verdadeiramente
bebida.”
Não há como interpretar de modo diferente estas palavras, senão
admitindo a presença real e maravilhosa do Senhor na Hóstia sagrada.
Lamentavelmente a Cruz e a Eucaristia foram e continuam a ser “pedra de
tropeço” para os que não crêem, mas Jesus exigiu até o fim esta fé. Aos
próprios Apóstolos ele disse: “Também vós quereis ir embora?” (Jo 6,67).
Ao que Pedro responde na fé, não pela inteligência: “Senhor, a quem
iremos, só Tu tens palavras de vida eterna”(68). Nunca Jesus exigiu
tanto a fé dos Apóstolos como neste momento. E, se exigiu tanto, sem dar
maiores esclarecimentos como sempre fazia, é porque os discípulos
tinham entendido muito bem do que se tratava, bem como o povo que o
deixou dizendo:”Estas palavras são insuportáveis? Quem as pode escutar?”
(Jo 6,60).
Também para cada um de nós a Eucaristia será sempre uma prova de fogo
para a nossa fé; mas, crendo na palavra do Senhor e no ensinamento da
Igreja, seremos felizes. Quando Lutero pôs em dúvida a presença real e
permanente do Senhor na Eucaristia, o Concílio de Trento (1545-1563)
assim se expressou: “Porque Cristo, nosso Redentor, disse que o que Ele
oferecia sob a espécie do pão era verdadeiramente o seu Corpo, sempre na
Igreja se teve esta convicção que o sagrado Concílio de novo declara:
pela consagração do pão e do vinho opera-se a conversão de toda a
substância do pão na substância do Corpo de Cristo nosso Senhor, e de
toda a substância do vinho na substância do seu Sangue; e esta mudança, a
Igreja católica chama-lhe com justeza e exatidão, transubstanciação”
(DS, 1642; CIC n.1376).
Acima de tudo é preciso recordar que a Igreja recebeu do Senhor o
carisma da infalibilidade em termos de fé e de moral, a fim de não
permitir que os seus filhos sejam enganados no caminho da salvação (cf.
Jo 14,15.25; 16,12-13). Portanto, o que a Igreja garante há vinte
séculos, jamais podemos duvidar, sob pena de estarmos duvidando do
próprio Jesus.
Para auxiliar a nossa fraqueza, Deus permitiu que muitos milagres
eucarísticos acontecessem entre nós: Lanciano (sec VIII), Ferrara
(1171), Orvieto (1264), Offida (1273), Sena (1330 e 1730),Turim (1453),
etc., que atestam ainda hoje o Corpo vivo do Senhor na Eucaristia,
comprovado pela própria ciência. Há tempos, foi traçado na Europa um
“mapa eucarístico”, que registra o local e a data de mais de 130
milagres, metade deles ocorridos na Itália.
Prof. Felipe Aquino
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